sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Os cursos de educação a distância e o uso de novos mecanismos conhecidos como tecnologias assistivas podem facilitar o acesso ao conhecimento para deficientes físicos. Muitas vezes, problemas de mobilidade, professores e materiais não adaptados, além de instituições mal preparadas para atender pessoas com deficiência, acabam afastando parte da população da educação formal.
Um indício dessa dificuldade - sobretudo nos cursos universitários - é mostrado pelo resultado do Censo do Ensino Superior, realizado pelo Ministério da Educação. Em 2009, apesar de estimativas mostrarem que 14,5% da população possuía algum tipo de deficiência, o número de estudantes com deficiência representavam apenas 0,34% dos matriculados no ensino superior.
De acordo com a doutora e consultora em Processos de Gestão da Educação a Distância e responsável pelo Grupo de Trabalho de Educação Especial da Associação Brasileira de Ensino a Distância (Abed), Flávia Amaral Rezende, o ensino a distância pode ser especialmente benéfico para alunos que possuam dificuldade de mobilidade.
Segundo ela, outras tecnologias assistivas como o aumento de tela, contraste, softwares que realizam a leitura de textos e outros que possibilitam legendar as falas do professor também auxiliam portadores de deficiência visual e auditiva. O computador facilitaria também a interação para os mudos, que poderiam se comunicar a distância por meio da internet.
Flávia alerta, no entanto, que para ser efetiva a tecnologia não pode substituir o professor e precisa ser usada considerando a particularidade de cada estudante. “A tecnologia quando bem usada consegue auxiliar a pessoa, mas este é apenas um aspecto. A outra parte diz respeito aos tipos de objetos de aprendizagem que eu coloco nesses ambientes para que a pessoa com deficiência consiga acessar”.
A consultora destaca que a atenção a três pontos são essências para o sucesso deste tipo de ensino: reconhecer quem é o aluno, considerar o ponto de partida dele, suas potencialidades e objetivos e oferecer acompanhamento e suporte pedagógico constante, além de ferramentas efetivas de interação.
“A gente tem que cuidar para que essas atividades sejam compatíveis com o estágio de cada um e fazer com que esses alunos interajam com esses objetos e com os outros alunos, a própria aprendizagem necessita dessa interação".
Segundo ela, apenas oferecer a tecnologia não significa realizar inclusão. "Não adianta apenas dar as ferramentas e dizer que se está realizando a inclusão. É necessário o professor orientando, pois estes estudantes possuem lacunas fortes na educação e precisam desse suporte”.
Endi Fagundes de Oliveira Lopes, aluna do curso semipresencial de Pedagogia da Faculdade Fael, foi uma das beneficiadas pelas novas tecnologias. Com baixa visão, Endi usa recursos do computador como as ferramentas para ampliar o texto e também softwares que realizam a leitura de artigos e textos.
Ela também recebe da faculdade provas ampliadas e conta com o auxílio de um tutor para realizar a leitura caso tenha dificuldade ou o material adaptado não esteja disponível.
Ela reclama apenas de espaços da internet que utilizam imagens ou tecnologias que não permitem a leitura por voz ou ampliação. “É preciso uma preocupação com acessibilidade com a questão do material de pesquisa também.  É importante verificar essa questão antes”, reclama. No entanto, ela recomenda às outras pessoas com deficiência que não desistam e continuem estudando. “Tem suas dificuldades, mas já está bem mais fácil com a tecnologia, o importante é não desistir e ir em frente.”

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